quarta-feira, 28 de novembro de 2012


CAPOEIRA - Progressões pedagógicas

Ginga: O movimento básico de Capoeira. Em vez de o capoeirista se fixar numa posição, ele está sempre em movimento, efetuando uma espécie de dança. Desenha-se um triangulo no chão com a base voltada para o professor. Se posiciona com os pés na base em paralelo, depois coloca um pé para trás e joga mão ao contrário para frente. Volta com os pés paralelos na base e depois coloca o outro pé para trás. E assim sucessivamente.


Cocora (cocorinha): A Cocorinha é um método evasivo, nomeadamente consiste na forma de evitar pontapés circulares efetuados em curta distância. Neste movimento é necessário que a mão que toca no solo mantenha o equilíbrio, e, tal como em todos os movimentos e "jogo" capoeirista, é necessário manter sempre o contacto visual com o adversário.

Benção: É basicamente um chute para frente e para cima, lembrando de não sair do movimento básico da ginga.

: Perna direita na frente, mão direita no chão, logo após a mão esquerda e a perna esquerda da o impulso. Trabalha-se com a criança na forma lúdica com o CHO CO LA TE.

Meia - lua: Alinha-se os pés e da-se um chute em forma de meia-lua para dentro.

Armada: Girando o corpo para trás realizando com uma das pernas um chute.




      A Capoeira. (via EFDeportes)

          A capoeira surgiu entre os escravos como um grito de liberdade. Os negros da África, a maioria da região de Angola, foram trazidos para o Brasil para trabalhar nas lavouras de cana de açúcar como mão de obra escrava. Segundo Menezes (1976), "...a vida dos negros trazidos da África de maneira forçada, brutal, consistia em trabalhar de sol a sol para os senhores portugueses que exploravam as riquezas brasileiras desde o descobrimento" (p.1).
       Areias (1983), complementa dizendo que "chegando a nova terra, (os escravos) eram repartidos entre os senhores, marcados a ferro em brasa como gado e empilhados na sua nova moradia: as prisões infectadas das senzalas"(p.10). Os colonizadores agrupavam os africanos de diferentes tribos, com hábitos, costumes e até línguas diferentes, eliminando, assim, o risco de rebeliões.
Os negros chegavam ao Brasil, depois de passarem dias empilhados em navios negreiros, trazendo como única bagagem suas tradições culturais e religiosas, comenta Marinho (1995). Nas palavras de Menezes (1976), "... o negro trouxe consigo suas danças e lutas guerreiras que de muita valia veio a se tornar para os escravos fugitivos"(p.1). Na África, mais precisamente na região de Angola, os negros lutavam com cabeçadas e pontapés nas chamadas "luta das zebras", disputando as meninas das suas tribos com a finalidade de torna-las suas esposas. Na ausência de armas, os negros buscaram nas danças guerreiras sua forma de defesa. Da necessidade de preservação da vida, surgiu a capoeira. Encontramos a seguinte citação em Areias (1983):
Tendo como mestra a mãe natureza, notando brigas dos animais as marradas, coices, saltos e botes, utilizando-se das manifestações culturais trazidas da África (como, por exemplo, brincadeiras, competições etc. que lá praticavam em momentos cerimoniais e ritualísticos), aproveitando-se dos vãos livres que aqui se abriam no interior das matas e capoeiras, os negros criam e praticam uma luta de auto defesa para enfrentar o inimigo (p.15-4).
       Capoeiras eram áreas semidesmatadas onde os escravos treinavam seus golpes, e provavelmente veio daí o nome da luta. Seus golpes quase acrobáticos e com aspecto de dança muito contribuíram para enganar os senhores de engenho, que permitiam a prática, julgando-a como uma brincadeira dos escravos. Segundo Areias (1983), "... a dança, por sua vez, representada pela ginga, servia para disfarçar a luta dando-lhe um caráter lúdico e inofensivo..." (p. 23-4).
A capoeira serviu por muitos anos como instrumento de luta dos escravos. O berimbau, que servia para dar ritmo ao jogo, também servia para anunciar a chegada de um feitor, ou seja, a hora de transformar a luta em dança. Com o passar dos tempos, os nossos colonizadores perceberam o poder fatal da capoeira, proibindo esta e rotulando-a de "arte negra", Santos (1998).
Em 1888 foi abolida a escravatura e com isso muitos escravos foram lançados nas cidades sem emprego e a capoeira foi um dos meios utilizados para a sobrevivência. Alguns ex- escravos passaram a ganhar a vida fazendo pequenas apresentações em praça pública, porém muitos deles utilizaram a capoeira para roubar e saquear. Os marginais brancos também aprenderam a nova luta com o convívio mais direto com os negros e introduziram na sua prática as armas brancas. Formaram-se verdadeiros bandos de marginais aterrorizando a população. Já em 1890 a capoeira foi colocada fora da lei pelo Código Penal da República, que dizia:
Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal, conhecidos pela denominação capoeiragem; andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, promovendo tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal: Pena: De prisão cellular de dous meses a seis mezes. (Barbieri, 1993, p.118).
        Segundo Sodré (1983, p.14-7), as punições aplicadas eram reclusão na ilha Fernando de Noronha e castigos corporais, tais como chibatadas.
        Pessoas como o regente Feijó, Sampaio Ferraz e o major Vidigal foram os responsáveis para manter a ordem; tiveram pouco sucesso. Segundo Areias (1983), "os seus chefes foram encarcerados ou exterminados. Mas a capoeiragem continuou fazendo o seu trajeto"(p.50).
A capoeira se espalhou pelo Brasil, porém foi nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco onde se encontravam os maiores comentários entre o povo e a imprensa local. Apesar de reprimida a capoeira continuou a ser praticada e ensinada para as gerações seguintes.
Em 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque e a conseqüente crise do capitalismo. O Brasil viveu um momento de ebulição das forças sociais. Com a entrada de Getúlio Vargas no governo do país, medidas foram tomadas para angariar a simpatia popular, entre elas a liberação de uma série de manifestações populares. Para tal, Getúlio Vargas convidou Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba, para uma apresentação no Palácio do Governo. Temendo a popularização da arte - luta, Getúlio Vargas permitiu a abertura da primeira academia de capoeira, que teria um cunho folclórico. Após essa passagem, a capoeira perdeu suas características de luta marginal e vadiagem, visto que para freqüentar a academia de mestre Bimba os indivíduos eram obrigados a ter carteira de trabalho assinada.
Grande parte do que se sabe hoje sobre a capoeira praticada pelos escravos foi transmitido pelas gerações de forma oral, visto que "...a documentação referente a época da escravatura foi queimada por Rui Barbosa, Ministro da Fazenda no governo de Deodoro da Fonseca" (Sete, 1997, p.19-20).
Enfim, a capoeira ganhou a popularidade estimada por Bimba, e até os dias de hoje vem reunindo adeptos pelo país.



A Capoeira e suas Concepções 
Acredita-se que a capoeira pode e deve ser ensinada globalmente, deixando que o educando busque a sua identificação em quaisquer dessas enumerações que veremos a seguir. Caberá ao docente um papel relevante orientando e estimulando para que o discente possa aproveitar ao máximo toda a sua potencialidade. Ribeiro (1992), concebe capoeira das seguintes maneiras:
  • Capoeira Luta - Representa a sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal, genuinamente brasileiro. Deverá ser ministrada com o objetivo de combate e defesa.
  • Capoeira Dança e Arte - A Arte se faz presente através da música, ritmo, canto, instrumento, expressão corporal e criatividade de movimentos. É também um riquíssimo tema para as artes plásticas, literárias e cênicas. Na Dança, as aulas deverão ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora, indo em busca da coreografia a da satisfação pessoal.
  • Capoeira Folclore - É uma expressão popular que faz parte da cultura brasileira, e que deve ser preservada, promovendo a participação dos alunos, tanto na parte prática, como na teórica.
  • Capoeira Esporte - Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo conselho nacional de desportos, ela mesma deverá ter um enfoque especial para competição, estabelecendo-se treinamentos físicos, técnicos e táticos.
  • Capoeira Educação - Apresenta-se como um elemento importantíssimo para a formação integral do aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e influenciando nas mudanças de comportamento. Proporciona ainda um auto conhecimento e uma análise crítica das suas potencialidades e limites.
  • Capoeira Lazer - Funciona como prática não formal, através das "rodas" espontâneas, realizadas nas praças, colégios, universidades, festas de largo e etc, onde há uma troca cultural entre os participantes.
  • Capoeira Filosofia - Entre muitos fundamentos, trás uma filosofia de vida que prega o respeito ao próximo e aos mais velhos, estes que por sua vez possuem um grau maior de sabedoria. Muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma criando dessa forma uma filosofia de vida, tendo a capoeira como símbolo e até mesmo usando-a para a sua sobrevivência.
  • Capoeira Terapia - O esporte exerce um papel fundamental no desenvolvimento somático e funcional de todo indivíduo. Para o portador de deficiência, respeitando-se as suas limitações e capacidades, o esporte tem importância inquestionável. A capoeira vem tendo destaque muito grande, não só como esporte, mas, no caso dos portadores de deficiência, ela atua, verdadeiramente, como terapia. Considerando sempre a etapa mental, cronológica e motora do indivíduo, propicia um desenvolvimento orgânico mais satisfatório, melhora o tônus muscular, permite maior agilidade, flexibilidade e ampliação dos movimentos. Auxilia o ajuste postural, bem como o esquema corporal, a coordenação dinâmica e, ainda, desenvolve a agilidade e força. Vale ressaltar que a capoeira proporciona a liberação de sentimentos como a agressividade e o medo, levando o ser humano a adquirir uma condição física mais satisfatória e um comportamento mais socializado.


A Aula de Capoeira 
         As aulas de capoeira são realizadas em salões abertos que podem ser espelhados ou não, o que facilita aos capoeiristas a observação de sua performance.
        As aulas são normalmente ministradas por capoeiristas de graduações elevadas, superiores, a maioria deles sem nenhuma formação acadêmica em Educação Física. "Existem vários métodos de ensino, e cada professor, cada academia, cada grupo alardeia que o seu é genuinamente original, é o melhor" (Capoeira, 1992, p.147). Freqüentemente os capoeiristas acabam ministrando aulas exatamente iguais aos que seus mestres ministram. Segundo Capoeira (1992), em seu livro "Capoeira: Os Fundamentos da Malícia":
Na verdade, de uma forma ou de outra, todos se baseiam na "seqüência" e na "cintura desprezada" criadas por mestre Bimba, adicionados aos treinos sistemáticos e repetitivos entre duplas introduzidas pelo Grupo Senzala na década de 1960. Mesmo os que praticam e ensinam a capoeira angola, que originalmente não tinha métodos de ensino, utilizam variações adaptadas desses elementos didáticos.
      A Capoeira Angola, citada pelo autor, corresponde a capoeira original dos escravos.      Geralmente encontra-se nas academias um programa de treinamento de duas ou três aulas semanais, chegando a ser encontrado nas academias sede de alguns grupos, treinamentos de segunda a sábado. A duração da aula varia entre quarenta e cinco minutos a uma hora e meia. As aulas são divididas em quatro blocos:
  • aquecimento;
  • treino de golpes, quedas e movimentações individualmente;
  • treinamento de seqüências em dupla;
  • roda de capoeira.
         O aquecimento freqüentemente começa com uma corrida, seguida de seqüências de movimentos calistênicos e um alongamento. "Se alguém quiser aproveitar para malhar uma abdominal, uma abertura, um alongamento ou exercícios de elasticidade, tudo bem, mas não é esse o objetivo" (Capoeira, 1992, p.146).         Depois do aquecimento, o segundo bloco da aula corresponde ao treinamento dos golpes individualmente. As aulas começam com os movimentos mais simples, passando para os mais complexos e, posteriormente, para a combinação dos movimentos sequenciados. Esses movimentos compreendem os golpes, as esquivas e as quedas. O professor indica e executa o golpe ou a seqüência de golpes e os alunos os executam repetidas vezes e para ambos os lados. Durante a execução dos movimentos os alunos são observados e corrigidos pelo professor. Nos salões com espelhos os alunos podem observar a execução dos seus movimentos.
         O terceiro bloco da aula corresponde ao treinamento das seqüências em dupla.. Nesta parte da aula os capoeiristas se encontram sujeitos a receberem os golpes dos companheiros, porém o risco é menor do que durante o jogo. O treino em dupla se dá em forma de seqüências coordenadas. O professor dita exatamente o que deve ser feito e os alunos executam. Para os iniciantes, o professor apresenta uma seqüência de um golpe e uma esquiva; um dos capoeiristas executa um golpe enquanto o outro esquiva. Com o tempo de prática essa seqüência aumenta em número e variações de golpes, associados a floreios e saltos.
        O jogo da capoeira é o momento que o capoeirista apresenta o que ele aprendeu durante a prática. Além de executar os golpes num jogo com um companheiro, entra em jogo um elemento novo, a surpresa. Não se sabe o que o outro capoeira vai fazer, os golpes já não são mais ditados pelo professor, por isso o capoeirista deve estar preparado e atento no jogo do outro para não ser atingido". Para iniciar o jogo da capoeira, os capoeiristas dirigem-se para onde estão os instrumentistas e agacham-se ao pé do berimbau" afirma Areias (1983, p.96). Durante a roda, que é comandada por instrumentos como o berimbau, o pandeiro e o atabaque, são entoadas cantigas que tem seu refrão repetido por todos os participantes da roda. Quem define as músicas e dita a velocidade do jogo é o tocador de berimbau. O ritmo começa lento e termina rápido, onde só os capoeiristas mais graduados devem jogar.
        Depois da roda, alguns capoeiristas optam por fazer exercícios de força, como abdominais, flexões de braço ou elevação em barra fixa. Outros treinam saltos acrobáticos, ou treinam golpes atingindo sacos de areia.



História: O Karate-Do e sua origem

           Uma arte marcial antes praticada secretamente na Ilha de Okinawa (sul do Japão) por pessoas comuns que estavam proibidas de portar armas, e por isso se defendiam de mãos vazias, fazendo uso destas, dos cotovelos, joelhos e pés.
                Da cidade comercial de Naha (Okinawa) surgiu o Naha-Te (mão do norte ou estilo do norte), sistema de luta que dava ênfase à força, deu origem ao estilo Goju-Ryu de Karate. Da cidade portuária de Tomari (Okinawa) surgiu o Tomari-Te (mão do centro ou estilo do centro). Sistema de luta que, na verdade, era uma fusão dos estilos de Shuri e Naha. 
                Da capital Shuri (região Sul de Okinawa) surgiu o Shuri-Te (mão do sul ou estilo do sul), sistema de luta que valorizava a velocidade.
                Shuri-te e Tomari-te deram origem aos estilos Shorin-Ryu, Shotokan-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu.
                Porém, o sistema de luta desenvolvido em Okinawa era conhecido além das fronteiras como Okinawa-Te (mão de Okinawa). Este nome manteve-se, até por volta de 1936, até que, com o evento do "conflito sino-nipônico" (Guerra entre a China e o Japão) foi criada a palavra "Karate" (mãos vazias) e um grande mestre da época, Gichin Funakoshi, considerado o Pai do Karate moderno, criador do estilo Shotokan-Ryu, adotou esta palavra para substituir a denominação do Okinawa-Te, permanecendo então até nossos dias como Karate.
             Este mesmo mestre, incrementando sentido espiritual e filosofia de vida ao Karate, adicionou a palavra Do (caminho, vereda espiritual), ficando conhecido como Karate-Do (O caminho das mãos vazias).
                O passo seguinte foi a adoção do karate-gui, um uniforme igual para todos, branco, e o sistema
de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o grau e
acima para os faixas pretas) similar ao que era usado no Judô.
                No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-Do como arte marcial.